A palavra orquídea tem origem no vocábulo grego "orkhis". O qual
significa testículo. O nome da família - Orchidaceae - foi assim estabelecido
pelo fato das primeiras espécies conhecidas possuírem duas pequenas túberas
(espécie de calo) gêmeas, que na visão dos povos que as descobriram sugeriam os
testículos humanos.
Provavelmente a primeira referência documentada desse nome tenha sido feita no
terceiro século a.C. pelo filósofo e naturalista grego Teofrasto, em sua obra sobre
as plantas. Esse estudioso foi discípulo de Aristóteles e é considerado o pai
da Botânica.
Naquela época as pessoas acreditavam que esses tubérculos existentes nas
orquídeas locais tinham poderes afrodisíacos e então os usavam na alimentação,
depois de convincentemente separados...
É óbvio que a história das orquídeas data de muitos milhares de anos atrás,
tendo os nossos ancestrais com certeza se deparado com elas em muitas
oportunidades; mas não existem dados concretos sobre isso e só podemos citas
aquilo que está de alguma forma registrado.
Assim, no meio de tamanha obscuridade, podemos citas referências feitas às
orquídeas pelos chineses há aproximadamente 4 mil anos, quando a palavra
"lan", que identifica essas palavras, aparece citada.
O célebre Confúcio (551 a 479 a.C.) também faz algumas referências às
orquídeas, e no século III são mencionadas duas espécies dessa família de
plantas num manuscrito chinês de botânica. Em alguns outros livros chineses
escritos entre 290 e 370 d.C, há referências mais concretas sobre as orquídeas.
Ainda na China, mais tarde durante a Dinastia Sung (960 a 1279), apareceram
muitos trabalhos dissertando sobre as orquidáceas, abrangendo os mais diversos
aspectos dessas plantas.
No ocidente, depois de Teofrasto, no primeiro século da nossa era, apareceu uma
obra intitulada "Matéria Médica", onde o autor, um médico grego de
nome Dioscórides, reuniu informações sobre 500 plantas ditas medicinais, entre
as quais se incluíram duas orquídeas.
Na história dos antigos povos das Américas, também são feitas referências às
orquídeas. As mais importantes no que diz respeito à utilização pelos astecas e
mais das favas da Vanilla que eles usavam para dar aroma a algumas das suas
bebidas. O nome asteca para a baunilha era "tlilxochitl", que
significa flor negra, numa alusão às favas pretas dessas plantas quando
maduras. Os maias a chamavam de "sisbic".
Com o domínio espanhol sobre esses povos, as favas da Vanilla foram
introduzidas na Europa. Hoje a Vanilla é usada como aromatizante em todo o
mundo, conhecido como baunilha.
No século XVI eram mencionadas apenas 13 espécies européias de orquídeas, todas
terrestres. Só bem mais tarde os botânicos começaram realmente a tentar
classificar as plantas de uma maneira ordenada, aparecendo então menções de
orquídeas vindas para a Europa de várias partes do mundo.
Em 1735, o famoso botânico sueco Lineu (Linnaeus, ou ainda Carl von Liné), no
seu trabalho "Species Plantarum", começou a estabelecer a primeira
classificação das plantas usando um nome genérico seguido de um nome
específico, empregando então pela primeira vez a palavra Orchis para designar
um gênero de orquídeas, e citando 62 espécies diferentes nesse seu trabalho.
Mais tarde Jussieu usou esse nome para designar toda a família Orchidaceae.
A primeira orquídea americana oficialmente registrada saiu da América Central e
floriu na Europa em 1732, recebendo o nome de Bletia verecunda. Em 1788 floriu
na Europa e foi registrado o então Epidendrum fragrans Sw. Atualmente
essa planta chama-se Prosthechea fragrans (Sw.) W.E. Higgins, e até que
se descubra uma outra planta brasileira de menção anterior, temos de
considera-la como a primeira orquídea brasileira registrada, embora de forma
indireta, pois ela não saiu do nosso País e sim da América Central.
Os estudos de Lineu foram o ponto de partida para as importantíssimas pesquisas
de Darwin, que culminaram com a sua teoria da evolução das espécies, entre
muitos outros trabalhos.
Em geral os coletores que viajavam pelo mundo não eram os responsáveis pelas
descrições das espécies, mesmo que fossem botânicos, como era o caso de von
Martius e de Saint-Hillaire, pois tinham que atender nessas suas expedições a
muitos interesses. Os estudos e descrições das plantas eram feitos por
botânicos que trabalhavam em diversas instituições européias.
Em 1830, o inglês John Lindley fez a primeira classificação sistemática das
orquídeas. É ele o responsável pelo estabelecimento de mais de 350 orquídeas
brasileiras, ou seja, mais que 10% de todas as nossas espécies conhecidas até
os dias de hoje.
As orquídeas constituem, com suas mais de 25 mil espécies registradas até o
momento, uma das maiores e mais evoluídas famílias do Reino Vegetal, possibilitando
ainda a formação de inúmeros híbridos, por meio de cruzamentos ocorridos na
natureza, bem como realizados de forma artificial pela mão humana.
Elas vegetam nos mais diversos ambientes, desde regiões frias a quentes; de
secas a muito úmidas; de elevadas até baixas altitudes. Existem em maior número
de espécies nas regiões tropicais e subtropicais, em altitudes não superiores a
2 mil metros. Muitas orquídeas, principalmente as que vivem nas regiões frias
ou temperadas, crescem no solo, sendo chamadas de terrestres.
Já nas zonas tropicais e subtropicais, a predominância das espécies ocorre nas
florestas, onde a umidade atmosférica é muito alta, com dias relativamente
quentes e noites mais frescas. Lá as orquídeas ocorrem, na sua maioria, sobre as
árvores e outros vegetais, dividindo o espaço com outras famílias de plantas.
Neste caso são chamadas de epífitas.
É importante esclarecer que nenhuma orquídea é parasita, usando as árvores ou
outros vegetais apenas como hospedeiros, sem deles nada tirar.
Alguns gêneros têm uma área de distribuição muito ampla, existindo mesmo alguns
que ocorrem no mundo todo (por exemplo, Bulbophyllum), enquanto alguns
outros têm ocorrência muito restrita, como o gênero brasileiro Hoehnneella.
Da mesma forma, alguns gêneros têm muitas espécies enquanto outros têm apenas
uma. A Pleurothallis possui cerca de 1.130 espécies. A Bulbophyllum tem
mais de mil espécies. Já a Isabelia, apenas 3 espécies. Com somente uma
espécie, temos a Schunkea.
Fonte:
Caderno Orquidófilo, 3ª Edição, Editora Brasil Orquídeas).
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